quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Renascer


Está escuro…
É nesta escuridão que me vejo,
Nua,
Vazia,
Oca,
Só um invólucro, nada mais!
Escorrego,
Caio,
Rastejo,
Levanto-me!
Sempre assim.
O embate com o desespero,
A angústia,
A dor,
O sofrimento,
Levam-me para um mundo sinistro, obscuro.
Teimo!
Não calo!
Não paro!
Volto a erguer-me,
Levanto a cabeça…
Ninguém!
Ninguém para me segurar.
Volto a cair,
Volto a rastejar.
Não vergo!
Endireito-me.
O vento é forte.
Mas teimo!
Sempre assim….
E a cada queda,
 Uma dor,
 Uma mágoa,
 Uma revolta.
Teimo!
E fico….
De pé!
Em cada queda, um re-erguer.
E em cada subida, um renascer!

Carla Santos Ramada
Antologia Poética "Florbela"
Edições Hórus - 2018