terça-feira, 3 de maio de 2016

Menina Mulher


Menina perdida,
Menina que brinca no chão de terra batida.
Menina alegre e traquina,
Menina que virou mulher,
Mulher num corpo de menina.
E a vida assim quis,
Que continuasse perdida,
Perdida em busca de sonhos,
Sonhos que se desfazem na espuma do mar.
E luta,
Luta,
Contra a maré - só quer amar.
Há-de chegar a sua hora
Há-de apanhar boleia nas asas de um condor
E conseguir alcançar os sonhos que habitam as nuvens
E ganhar força e coragem para viver de amor.
 E transforma-se em leoa
Que protege quem ama
Que ri mesmo que quando por dentro a sua alma chora
Mas quando o vento sopra forte e a tempestade avança
Prefere a solidão e chora,
Chora,
Chora até que o vento acalme e a tempestade passe,
Qual árvore de raízes profundas
Não tomba, e seus galhos são o refúgio de muita gente
Os que tais que ama, mas que por vezes se engana…
 Mas espera,
Espera a tempestade ir embora.
E as suas lágrimas fortalecem as raízes
Que a ligam à terra.
Sim é uma menina mulher,
Que ri
Que brinca
Que grita
Que desespera
Que cai
Que se levanta
Que volta a cair….
E volta a levantar-se
Que continua de pés descalços na terra batida
A criar raízes ….
Para continuar ligada à vida.

Carla Santos Ramada
Abril 2016
In "Perdidamente - Antologia de Poetas Lusófonos Contemporâneos"

domingo, 1 de maio de 2016

Ser Mãe


Mãe,
A palavra que muda tudo em ti, deixas de ter nome, passas a ser "a Mãe de …."
A vida ganha outra forma, outra cor e ganhas medos que antes não tinhas.
Medo de não seres capaz, medo de te acontecer alguma coisa e deixares aqueles seres indefesos, sem o teu colo, medo que lhes aconteça alguma coisa…..
Mas também passas a ter nervos de aço, 
A ultrapassar o teus medos,
A ir buscar forças onde achavas que já não tinhas,
Porque existe alguém que depende de ti, que não escolhe quando fica doente.
Aprendes a controlar os teus sentimentos,
A rir quando tens vontade de chorar, 
A brincar quando só te apetece estar deitada….
Passas a dar importância ao estado do tempo, antes não te importavas se ia chover ou estar vento, agora quando acordas é das primeiras coisas que fazes ainda deitada e de telemóvel na mão, pois se algum se constipa é uma chatice.
A vida ganha outra dimensão, sabes que desde o momento que és Mãe, é para sempre.
Sabes que um dia vão voar, tu própria os vais ensinar, voos pequenos em que sabes que voltam sempre ao ninho, mas um dia voarão de vez.
Tu ficarás lá, com o ninho preparado para quando algum dos teus rebentos quiser voltar...
 E ficarás sempre ali, onde eles sabem que te podem encontrar….

Porque uma vez Mãe, 
Mãe para sempre.

1 de Maio 2016
Carla Santos Ramada